LADINA

Ladina, mulher-menina
Menina, ladina-mulher
Tuas praias...
Nas curvas das tuas saias
Esconder ... morar...
Viver tuas coxas morenas
Dunas longitudinais
Em crescente
Ao sol luzentes
Porto... retorno ... cais
Na simetria do teu corpo
Inocente... maduro...
Indecente no escuro
Navegar seguro
Permanecer... incendiar...
Beijar teus olhos
Espelhos da vida
Que escorre e brilha
Em teu sorriso
Que feito criança
Em cirandas dança
E volta ao teu olhar
És nova e lua
Mulher, flor e nua
Orvalhada ao amar
Em manhãs te quero
Em tardes quentes
Em noites silentes
Vulcânicas, ardentes
Eternas... morenas...
Qual rapina te espero
Ladina, mulher-menina
Mulher, menina-ladina
Nos teus braços de lua
Minha alma flutua
Em suave bailar
O meu corpo insiste
No teu quer morar
De amor morrer
Jamais perecer
Sem viver o amar

JUSTIÇA INFINITA

A bela flor aflita
Vê no beija-flor inimigo
Com enorme bico esquisito
Roubar-lhe o néctar do seio
Mas, logo, em rubor e enleio
Entrega-se ao veloz ladrão
Por ter consciência clara
Da sua recôndita missão
Levar o pólen, da vida, o grão
O trigo, também irmão,
Brota nos campos sem ilusão
E entrega-se majestoso
Voltando em gostoso pão
A vida é energia
Em constante mutação
Vidas amargas ou felizes
Só nos fazem aprendizes
Da verdadeira lição
Amar ao próximo como a nós mesmos
Não despejar farpas a esmo
Pelo poder ou posição
A construção do amor
Carece de muito esmero
E, sem dúvidas, é o melhor tempero
Para um mundo mais igual
A justiça infinita é o amor
Luz e paz entre os homens
Sentimento sincero e atemporal
Justiça não pode ser
A luta mesquinha pelo poder
Uma guerra desigual.

ESPERADA

Inspiração, perdão!
Às vezes me procuras
Em horas incertas
Quando busco nos livros
O saber ainda guardado
E, bela mulher, implacável
Bolinas meus distantes pensamentos
Roubando-os tal qual o vento
Tange, alegre, folhas outonais
De quando em vez
Me esquivo aos teus caprichos
E não cedo à tentação
Resistindo, férreo, aos teus encantos
Perdão!
Outras tantas, olhos em pranto
Simplesmente te deixo passar
Sempre no afã da tua volta
Como a esperança da mão
Os flancos da amada alisar
Como a brisa fresca
Na madrugada, orvalhos carregar
Como a lua, mulher, bela e nua
De suavidade e prata a rua banhar
Seguramente em tuas vãs tentativas
De roubar-me a paz, incerta e desdita
Tenham ficando, jogadas ao vento
As mais belas páginas
Nunca escritas.
------------------------------------------------
Inspiração, és mulher
E como tal de difícil explicação
Não há na matemática equação
Que exprima teus incertos desejos
Se te procuro
Te esquivas
Negas-me o beijo
Não me acolhes em teu abrigo
Se não te quero
Vens, sorrateira, deitar comigo

 

 

Contato: gm@ufpe.br

Produzido por alface
Editado por Sóstenes N. Silva