ESPERADA
Inspiração, perdão!
Às vezes me procuras
Em horas incertas
Quando busco nos livros
O saber ainda guardado
E, bela mulher, implacável
Bolinas meus distantes pensamentos
Roubando-os tal qual o vento
Tange, alegre, folhas outonais
De quando em vez
Me esquivo aos teus caprichos
E não cedo à tentação
Resistindo, férreo, aos teus encantos
Perdão!
Outras tantas, olhos em pranto
Simplesmente te deixo passar
Sempre no afã da tua volta
Como a esperança da mão
Os flancos da amada alisar
Como a brisa fresca
Na madrugada, orvalhos carregar
Como a lua, mulher, bela e nua
De suavidade e prata a rua banhar
Seguramente em tuas vãs tentativas
De roubar-me a paz, incerta e desdita
Tenham ficando, jogadas ao vento
As mais belas páginas
Nunca escritas.
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Inspiração, és mulher
E como tal de difícil explicação
Não há na matemática equação
Que exprima teus incertos desejos
Se te procuro
Te esquivas
Negas-me o beijo
Não me acolhes em teu abrigo
Se não te quero
Vens, sorrateira, deitar comigo
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