UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

DISCIPLINA: GEOLOGIA INTRODUTÓRIA
PROF: GORKI MARIANO

gm@ufpe.br

 

ASSUNTO: A TEORIA TECTÔNICA DE PLACAS

HISTÓRICO

Deriva dos Continentes Fato ou Ficção?

A. Wegener publicou em 1915 o livro The Origin of Continents and Oceans (A Origem dos Continentes e Oceanos) mostrando uma relação de dados que favoreciam a teoria de continentes em movimento – deriva continental. Estas informações tinham como base estudos paleoclimáticos, paleontológiocs, ajuste geométrico entre as margens continentais (veja a coincidência entre as margens do Atlântico entre a América do Sul e a África) e a continuidade de estruturas geológicas dos dois lados dos oceanos. Wegener denominou de PANGEA ao gigantesco continente pré-deriva, i.e. antes da separação dos continentes. Esta grande massa continental teria existido a aproximadamente 180 milhões de anos atrás. Pangea era composto por Laurásia (América do Norte e Eurásia) e Gondwana (América do Sul África, Antártida, Índia e Austrália) Fig. 6.1.

 

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A teoria não encontrava apoio na comunidade de geofísicos que julgava as evidências frágeis. Em 1926 a associação americana dos geólogos do petróleo, realizou um encontro em Nova York com a finalidade de discutir a tectônica global. A maioria dos participantes apresentou argumentos contundentes contra a tectônica global, que passou a ser considerada como irrelevante na América do Norte.

 

EVIDÊNCIAS DA TECTÔNICA GLOBAL

 

Na tabela abaixo apresentamos as correlações do mega-continente Gondwana.

 

IDADE

Sul do Brasil

Sul da Africa

India

Cretáceo 65 m .a.

Basalto

Sedimentos Marinhos

Vulcanismo & Sedimentos Marinhos

Jurássico 144 m .a.

Não há registro de rochas Jurássicas

Basaltos

Arenitos e folhelhos

Vulcanismo

Arenitos e folhelhos

Triassico 219 m .a.

Arenitos e folhelhos com fósseis de répteis

Arenitos e folhelhos com fósseis de répteis

Arenitos e folhelhos com fósseis de répteis

Permiano 248 m .a.

Folhelho e Arenitos com flora Glossopteris

Folhelho com Mesosauruo

Folhelho e Arenitos com flora Glossopteris

Folhelho com Mesosauruo

Folhelho e Arenitos com flora Glossopteris

Folhelho com Mesosauruo

Carbonífero 286 m .a.

 

 

360 m .a.

Arenitos Folhelhos e carvão com flora Glossopteris

Tilito

Arenitos Folhelhos e carvão com flora Glosspteris

Tilito

Arenitos Folhelhos e carvão com flora Glossoopteris

Tilito

 

Observe que a partir do Jurássico as diferenças entre Brasil, África e Índia são marcantes. Os continentes que estavam juntos deram inicio ao processo de separação. Veja a reconstrução abaixo.

 

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Somente em torno de 1950 com o advento do conhecimento das expedições de exploração do fundo oceânico e do magnetismo das rochas é que a teoria da tectônica global ganhou nova força

 

O magnetismo das rochas algumas rochas durante a sua formação sofrem influência do campo magnético da terra e seus minerais orientam-se de acordo com este campo. O estudo desta orientação magnética, denominada de Paleomagnetismo, relevou que os pólos tinham mudado em relação aos continentes. A descoberta do Paleomegnetismo (magnetismo fóssil) das rochas por P.M. Blackett e S. K. Runcorn foi de grande importância na compreensão da deriva dos continentes. Os pólos não mudavam tanto mas, os continentes variavam de direção deriva dos continentes. Os continentes navegavam na Terra. Desta forma, o magnetismo adquirido pelas rochas de diferentes idades retratava a direção do pólo magnético em relação ao continente naquele momento. Em 1963 E. J. Vine e D. H. Mathews,universidade de Cambridge, interpretando um padrão de oscilação das orientações magnéticas das rochas do fundo do oceano Pacifico sugeriram que estas bandas magnéticas guardavam o registro do campo magnético terrestre na época da extrusão destas rochas.

 

Relevo do fundo do oceano - os estudiosos do relevo do fundo dos oceanos descobriram imensas cadeias submarinas . Estas cadeias com 65000 km de extensão e 1000 km de largura separavam o oceano Atlântico quase ao meio. No interior destas cadeias foi observada a ocorrência de estruturas que sugeriam movimentos de separação rifte. Estas informações obtidas por geólogos e geofísicos foram de fundamental importância para confirmar a teoria da deriva continental. Dentre estes estudiosos podemos citar M. Ewing e B.C. Heezen.

 

Idade das rochas do fundo do mar - a constatação de que as rochas do fundo dos oceanos (basaltos) tinham idade de apenas centenas de milhões de anos (< 120 m .a.), foi uma peça fundamental para a teoria da deriva dos continentes e para assegurar a formação do fundo oceânico após a quebra das grandes massas continentais, tais como Pangea.

 

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Como mostra a Fig. 6.3 as idades das rochas do fundo oceânico aumentam a partir da dorsal em direção aos continentes. Este fato evidencia a formação dos oceanos a partir de uma zona de separação mediana dorsal meso oceânica.

 

Expansão do fundo dos oceanos – Harry Hess, professor de Princeton (Estados Unidos), no seu trabalho History of the Ocean Basins (História das bacias oceânicas) publicado em 1962, propunha células de convecção no manto da terra como o mecanismo para a movimentação das placas e conseqüente formação dos oceanos. Hoje, estas células de convecção mantélicas estão bastante estudadas e são consideradas como sendo os motores para a tectônica global.

 

Distribuição Dos tremores de Terra - Na década de 60 (1966-1968) a distribuição dos sismos na Terra mostrou uma enorme coerência com os limites entre placas. Os estudos de B. Isacks, J. Olivier e L. R. Sykes confirmaram a teoria da expansão do fundo oceânico e, conseqüentemente, dos diversos limites entre placas tectônicas. Veja na figura abaixo os terremotos (pontos pretos) distribuídos no mapa mundi.

 

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Observe a abundância de tremores de terra associados às margens do oceano Pacifico.

 

 

 

TECTONICA GLOBAL - FATO

 

Todas as informações mencionadas acima foram de grande importância para a comprovação da proposta inicial de Wegener de que os continentes migravam sobre o manto da terra a deriva continental.

 

AMBIENTES TECTÔNICOS

 

Os ambientes tectônicos são caracterizados pelos contatos entres as placas tectônicas e o tipo de movimento relativo entre estas placas. Estes contatos geram três tipos de ambientes:

 

1 - Colisão entre placas duas placas se chocam. Este tipo de contato pode ocorrer entre placas continentais, entre placas oceânicas e entre placas oceânicas e continentais.

 

2  - Placa continental vs. placa continental - neste caso as duas placas possuem a mesma densidade e o choque prove espessamento da crosta continental. Atualmente este tipo de interação entre placas é observado nos Himalaia - Plateau do Tibet - Ponto mais elevado do planeta. Nesta região a espessura da crosta continental pode atingir até 80 km .

3 -  Placa oceânica vs. placa continental - neste caso as duas placas possuem densidades diferentes. A placa oceânica, mais densa, mergulha sob a placa continental. Este tipo de contato ocorre na costa oeste da América do Sul (Andes).

4 -  Placa oceânica vs. placa oceânica - novamente duas placas com mesma densidade. Como as duas placas possuem densidade elevada ambas mergulham para baixo, dando origem a grandes depressões denominadas de fossas. A fossa das Filipinas é um exemplo deste tipo de contato entre placas. As depressões podem superar as maiores elevações da terra.

 

5 - Separação entre placas neste tipo de ambiente tectônico duas placas estão se afastando. Este tipo de ambiente pode ser observado entre a América do Sul e a África. Ao longo da separação entre as duas placas dorsal mesoceânica. No dorsal há magmatismo basáltico que dá origem ao assoalho do oceano Atlântico.

 

6 - Movimento passivo neste caso duas placas passam lado a lado. Este tipo de movimento pode ser observado hoje, ao longo da falha de Santo André na Califórnia, Estados Unidos.

 

A figura abaixo mostra s principais limites entre placas tectônicas e o tipo de ambiente desenvolvido.

 

 

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Referências Bibliográficas

 

Teixeira, W.; Toledo, M. C. M.; Fairchild, T. R.; Taioli, F. 2000 Decifrando a terra. Oficina de Textos 549p.

Ernst, W. G. 1988. Minerais e Rochas. Série de textos básicos em geociências. Editora Edgard BlucherLTDA 162p.

 

Wyllie, P. J. 1995. A Terra: Nova geologia global. Fundação Gulbenkian / Lisboa-Portugal.388 p.

 

 

Contato: gm@ufpe.br

Produzido por alface
Editado por Sóstenes N. Silva