COLHEITA


Foi colher milho
Que havia plantado raso
O trabalhador escravo
Voltava a Terra sem saber
Que a rasa cova
Do milho verde
Seria sua ao amanhecer
Vendo o verde-louro da espiga
Que aos raios de sol se entregava
Alçou a mão na ilusão
De alcança-la, já não dava
O peito agora em chamas
Pelo chumbo ardente
Anunciava friamente
Que a colheita era finda
E a espiga mais bela ainda
Distante, madura e altaneira
Tremulava ao sol qual bandeira
Como a festejar o torto destino
De mais um “da Silva” em desatino
Que no Brasil nordestino
Sem terra e sem saber
Partiu na tentativa de sobreviver


Gorki Mariano/Paulo Barros Correia “Mufula”

Contato: gm@ufpe.br

Produzido por alface
Editado por Sóstenes N. Silva